Agora é o Momento de Investir em África

No mês passado, um grupo notável de mais de 100 empresários da África Subsariana participou na Cimeira Mundial do Empreendedorismo 2016 na Universidade de Stanford. Entre muitos outros estiveram presentes Habiba Ali que iniciou uma empresa de energia solar na Nigéria, Toussaint Billa que criou uma aplicação para telemóvel destinada a transacções financeiras no Gabão e Naomi Tulay-Solanke que criou uma empresa social para melhorar os cuidados de saúde na Libéria. Estes empresários, em grande parte, levaram-me a divulgar a mensagem de que chegou o momento de se investir em África.

Antes da   Cimeira Mundial do Empreendedorismo 2016 fui à Califórnia para me encontrar com grupos de empresários, organizações não governamentais e com a comunidade africana na diáspora.  Em cada reunião encontrei audiências abertas ao mundo com muita vontade de conhecer quais as oportunidades em África e como podem investir.

Encontrei-me com o co-fundador de uma empresa de engenharia civil e construção que realizou projectos por toda a África. Também em encontrei com o fundador da   Associação Técnica Pan-Africana que envia peritos voluntários para ajudarem estudantes africanos. E encontrei um empresário que produz fronhas de luxo na China e está desejoso de expandir o seu negócio para África.

Estas pessoas têm como paixão comum contribuir para o sucesso económico de África e isto dá-me confiança no futuro económico do continente. Contudo, a construção de um ecossistema empresarial e o desenvolvimento de oportunidades de investimento em África exigem um esforço enérgico tanto da parte dos governos como do sector privado.

O governo dos EUA tem várias iniciativas que estão a estimular o crescimento económico. A Iniciativa Jovens Líderes Africanos  (YALI – sigla em inglês) do presidente Obama está a proporcionar a jovens africanos novas ferramentas empresariais para levarem consigo de regresso a África. Estes bolseiros YALI terão um impacto importante nos seus países de origem. No começo deste ano, encontrei-me com uma bolseira YALI de Madagáscar, Mirindra Zo Andrianantenaina, que preparou um plano de negócios para uma empresa que pretendia transformar cana-de-açúcar em açúcar orgânico, bioetanol e electricidade. Ela encontrou-se com o presidente de Madagáscar, explicou como é que a sua proposta podia ajudar o país. Conseguiu um terreno e agora está a procurar financiamento para o projecto.

Através do Programa Mulheres Empresárias Africanas (que faz parte do programa do Departamento de Estado  International Visitor Leadership Program) e através de centros de negócios para mulheres na Zâmbia e no Quénia nós estamos a dar formação, aconselhamento e acesso a tecnologia a mulheres empresárias.

Outro exemplo é a Cimeira de Líderes EUA-África que o Presidente Obama lançou em 2014. A cimeira produziu $33 mil milhões em novas trocas comerciais e investimentos por parte de empresas americanas.

Medidas deste tipo são essenciais para reforçar o crescimento económico em África. Contudo, os governos não conseguem fazer isto sozinhos. Precisamos do espírito empresarial do sector privado, dos seus conhecimentos de marketing e da sua habilidade de inovar a fim de garantir o crescimento de África na economia global do século XXI.  

Nós sabemos que há muito em jogo. A economia mundial enfrenta ventos contrários e a África enfrenta desafios como uma população jovem em grande crescimento, infra-estruturas subdesenvolvidas, falta de formação técnica, governação fraca e défices de financiamento. Mas estes desafios não são invencíveis, em especial se acelerarmos o investimento.

As empresas americanas  estão a começar a ver as possibilidades, as oportunidades e os recursos de África. Vejam por exemplo  Mark Zuckerberg que participou na Cimeira Mundial do Empreendedorismo. No mês passado ele anunciou a Iniciativa Chan Zuckerberg que iria fazer o seu primeiro investimento de $24 milhões de dólares em Andela, uma start-up tecnológica sediada em Nova Iorque que forma programadores de software em África para emprego a tempo inteiro em empresas tecnológicas.

Sempre que vou ao continente, os africanos dizem-me que anseiam por mais investimento de empresas americanas. Muitos países africanos estão a restruturar o seu ambiente de negócios para reduzirem as barreiras à entrada de empresários e investidores. Entretanto, a tecnologia avança rapidamente. Mesmo quando vou a aldeias remotas em África, vejo que quase toda a gente tem um telemóvel.

Estas são apenas algumas das razões pelas quais é chegado o momento de investir em África.

É preciso que os investidores se desloquem a África e conversem com os empresários para compreenderem melhor os seus desafios e as suas oportunidades. Também é preciso que os membros da diáspora invistam nas suas comunidades de origem. Com os seus conhecimentos culturais e linguísticos e as suas redes pessoais e profissionais, a diáspora africana ocupa uma posição única para contribuir.

Na Califórnia, fiquei entusiasmada ao ver tantos americanos desejosos de investir em África. A vontade existe e as condições são propícias. Este é o momento de investir.